Em 2022, o mundo consumiu cerca de 6,7 bilhões de quilos de chá, e a expectativa é que esse número suba para 7,4 bilhões até 2025, de acordo com o Statista. A indústria do chá é imensa e ao longo dos séculos esteve envolvida em guerras, espionagem e exploração.
Guerra e Vício
O consumo de chá começou na China, onde registros escritos indicam que ele era consumido há mais de 3.000 anos (conforme um estudo de 2022 na revista Chinese Medicine). No século XIV, o chá se tornou uma das principais exportações da China, junto com a seda e a porcelana, impulsionando o país como uma superpotência econômica.
O chá chinês chegou à Grã-Bretanha por meio da Companhia das Índias Orientais no século XVII e se tornou um luxo caro, acessível apenas aos mais ricos. À medida que o consumo de chá crescia, assim como o Império Britânico, a Inglaterra começou a trocar ópio por chá em vez de pagar com a dispendiosa prata, gerando uma crise de saúde pública na China e levando à Primeira Guerra do Ópio em 1839. A vitória britânica em 1842 resultou na concessão do porto de Hong Kong aos britânicos e na retomada do comércio.
Ironia das ironias, na própria Grã-Bretanha o consumo de chá também levantou preocupações sobre possíveis vícios – médicos alertavam que o consumo excessivo poderia causar “distúrbios nervosos”, insônia e outros problemas de saúde.
Contrabando e Prostituição
No século XVIII, os impostos britânicos sobre o chá fomentaram o comércio de contrabando, com o chá sendo escondido em barris com fundos falsos e em livros ocos. Alguns “salões de chá” da era vitoriana serviam como fachadas para bordéis, e as festas de chá em residências privadas frequentemente se tornavam oportunidades de flerte, alimentando rumores e escândalos.
Os impostos britânicos enfureceram as colônias americanas, que em 1773 jogaram caixas de chá no Porto de Boston em protesto, no famoso episódio da Festa do Chá de Boston.
Espionagem e Exploração
A Companhia Britânica das Índias Orientais decidiu cultivar chá por conta própria e, em 1848, enviou o botânico escocês Robert Fortune para espionar a China. Disfarçado com trajes chineses tradicionais, Fortune contrabandeou mudas de chá e trabalhadores qualificados para Darjeeling, na Índia.
As condições de trabalho nas plantações de chá eram muitas vezes duras, com longas jornadas e baixos salários. Há relatos de que as condições continuam precárias, e em 2019, a Oxfam Índia lançou uma campanha para promover salários justos e melhores condições de vida para os trabalhadores das plantações em Assam, o maior estado produtor de chá na Índia. No entanto, o grupo indiano Legal Rights Observatory contestou, alegando que a Oxfam agia em favor de concorrentes estrangeiros, com o objetivo de manchar a imagem do chá indiano no mercado internacional.
No ano passado, Assam celebrou os 200 anos de sua indústria de chá, mas a produção estava em declínio. Em abril deste ano, o jornal local The Sentinel noticiou que “a produção e a qualidade do chá de Assam têm sido uma preocupação nos últimos anos,” e apontou como possível causa as rápidas mudanças climáticas.
Quem sabe onde as mudanças climáticas levarão a indústria do chá nos próximos anos?
“Pode valer a pena refletir e, talvez, levantar essa questão com os amigos enquanto apreciam uma xícara de chá em sua própria festa no dia 21 de maio”, sugere Philip Sykes, fundador e diretor da The British School of Excellence (TBSOE). “O chá da tarde inglês é mais do que uma tradição encantadora. É um momento especial em que o tempo parece parar, as conversas fluem, e as pessoas se conectam por meio do prazer simples de uma xícara quente e deliciosas iguarias.”
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